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Copa Cidade de São Paulo: onde estão as paulistanas?

1 set

No último sábado, 28.o8, foi realizada a Copa Cidade de São Paulo de Judô, onde atletas classificados nas primeira e segunda fases do Campeonato Paulistano lutaram por uma vaga no Campeonato Paulista. Mesmo conseguindo a classificação um fato me deixou bastante decepcionada: a ausência de altetas mulheres em quase todas as categorias.

Durante a primeira fase do Paulistano já havia notado que a maioria das categorias tinham no máximo seis atletas, algumas com apenas duas ou até mesmo somente uma. Quem esteve presente e se classificou está de parabéns por ter feito sua parte e comparecido, mas não tenho dúvidas de que, pelo menos minhas colegas de academia e eu, todas prefeririam encontrar um cenário mais competitivo onde as habilidades de cada uma pudesse realmente ser testado.

Durante o treino de ontem abordei o assunto, não só para tentar entender o que pode estar ocasionando a ausência de mulheres nas competições, como para mostrar às alunas mais novas a importância de competir. O sensei levantou várias possibilidades para a falta de atletas da capital nas competições, já que sabemos que há mulheres treinando e que no interior e na baixada as competições têm sido bastante disputadas.

Também conversamos sobre a importância de participar das competições. O judô é muito mais que uma luta, apesar de essa ser a parte mais conhecida pelo público em geral. O sensei nos lembrou que ninguém é obrigado a gostar de lutar, pois nem todos se sentem a vontade com isso, mas é preciso ao menos saber o que fazer e viver essa experiência. Eu mesma sou um exemplo de uma judoca que não tem muita vocação para o shiai, até gostaria de ser mais competitiva, mas geralmente não consigo me sair tão bem em uma luta. Mas nem por isso deixo de tentar. Mesmo que depois de graduada eu siga outro caminho – já que existem tantos além do de atleta, como arbitrar, dar aulas, estudar katas – ao menos eu terei passado por essa etapa da minha formação como judoca.

Rosicleia Campos comemora a vitória de Ketleyn Quadros na disputa pela medalha de bronze nas Olimpíadas de Pequim, 2008

Para o cresimento do judô feminino, espero que mais judocas tenham essa percepção. Pode ser que alguém ache que não tem vocação para competidora e experimentando acabe descobrindo que gosta de lutar e pode obter bons resultados. Durante as entrevistas que fiz para o TCC descobri que grandes nomes do judô nacional já passaram por isso; a própria Rosicleia Campos, ex-atleta da seleção e hoje técnica da equipe Sênior da Seleção Brasileira de Judô me contou que quando começou a treinar tinha “pavor de que encostassem” em seu pescoço e por isso não gostava de lutar. Mas ela continuou treinando e tentando até chegar onde chegou. Tomara que essa reflexão inspire algumas meninas!